quarta-feira, 27 de abril de 2011

Tomate cultivado sem agrotóxico reduz os custos da produção

Afirma pesquisas em, 25/04/2011 - 12:58 - Vivian

1'33" / 365 Kb) - Uma pesquisa realizada na Universidade de São Paulo
constatou que o cultivo de tomates de forma agroecológica reduz em até 84%
os custos da produção. No estudo feito pelo engenheiro agrônomo Fábio
Leonardo Tomas, plantações de tomate sem agrotóxicos e aditivos químicos
foram comparadas a formas de cultivo convencionais - com o uso de pesticidas
e outros defensivos.

Os tomates produzidos de forma agroecológica tinham menos pragas e doenças,
pois eles foram plantados em meio à floresta preservada de Mata Atlântica,
que funcionou como um insumo agrícola natural. Isso dispensou o uso de
agrotóxicos, que encarecem o produto final em até 70%. O custo de manutenção
do pé de tomate orgânico foi de R$ 0,80. O que usou pesticidas saiu por R$
5.

Além dos custos, Tomas também analisou a produtividade e a rentabilidade.
Apesar da produtividade de tomate agroecológico ser menor do que a
convencional, ele atinge preços de mercado superiores e tem custos menores,
o que compensa sua produção, afirmou o pesquisador.

A região analisada foi a de Apiai, no interior de São Paulo, que tem a maior
produção de tomate de mesa do país. Segundo a pesquisa, o desmatamento fez
com que os produtores da região aumentassem a utilização de agrotóxicos, o
que causou a contaminação de vários trabalhadores rurais.

De São Paulo, da Radioagência NP, Vivian Fernandes.

25/04/11



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terça-feira, 26 de abril de 2011

A violência do agrotóxico

18/4/2011 9:01, Por Brasil de Fato

Agropecuarista vê gado agonizar pela segunda vez, vítima de veneno
agrícola alheio. Caso entrará em documentário de Silvio Tendler

18/04/2011

Vinicius Mansur

Há pouco mais de duas semanas (31/03) a equipe de filmagem do
documentário sobre os agrotóxicos, dirigido por Silvio Tendler, estava
em Paraipaba, Ceará, cerca de 90 quilômetros a noroeste da capital
Fortaleza. Foram investigar as acusações à empresa do agronegócio, de
origem holandesa, Companhia Bulbos do Ceará (CBC), por uso
indiscriminado de agrotóxicos.

Em fevereiro, a Justiça do Ceará havia deferido liminar proibindo o
uso de veneno pela CBC. Entre as explicações estão coceira na pele e
problemas respiratórios na comunidade local, a provável contaminação
da lagoa da Cana Brava – a 100 metros da fazenda e principal
reservatório de água que abastece o município – além da morte, por
contaminação comprovada em laboratório, de 18 cabeças de gado do
agropecuarista Henry Romero.

Na manhã seguinte à visita da equipe de filmagem, 15 animais de seu
Henry apareceram doentes – alguns agonizantes, como mostram vídeos
gravados pelo agropecuarista
(http://www.youtube.com/watch?v=31iMpTs70bw), sob orientação do
Ministério Público. Até o fechamento desta matéria, 12 já haviam
morrido.

“O tempo todo que estivemos conversando com seu Henry na propriedade
dele, um cara numa caminhonete, dentro da área da CBC, um funcionário,
ficava cantando pneu pra cima e pra baixo. Nitidamente para nos
coagir. Tanto que no final, seu Henry falou ‘fiquem tranquilos’ e nos
escoltou até a saída”, relatou a documentarista Aline Sasahara.

As propriedades de seu Henry e CBC são vizinhas. Atualmente, separadas
por uma “telinha transparente”, como descreve Aline.



Veneno à deriva

Seu Henry é cauteloso e não acusa a empresa de envenenamento
direcionado. Entretanto, diz não ter dúvida de que seus animais são
vítima do veneno lançado aos montes por seu vizinho:

“Já foi descartado qualquer tipo de doença. É veneno que partiu de lá
e o que vai dizer qual veneno é a biopsia. Sabemos que eles nunca
obedeceram a ordem de parar de pulverizar. Se eles plantam, eles
pulverizam, porque não tem como colher essas culturas sem usar o
veneno.”

Cada um dos dois pulverizadores usados pela CBC armazena 2 mil litros
de veneno e possuí dois braços de 20 metros que fazem a pulverização
suspendida. As duas máquinas juntas chegam a envergadura de 80 metros
e são utilizadas para pulverizar uma área de aproximadamente 22
hectares, segundo Henry:

“A área deles é pequena, não chega a 180 metros de largura, então dá
pra você imaginar: 80 metros de braço jogando o veneno à deriva.”



CBC

Criada em 2004, a CBC produz bulbos – caule arredondado do qual brotam
flores ornamentais, como a Canna indica, Amaryllis e Caladium. Apesar
de serem consumidos pelos EUA e Europa, é em Paraipaba que os bulbos e
a CBC encontram as melhores condições para florecer: longo período de
sol, Porto de Pecém a 50 quilômetros de distância, baixo custo da
terra e mão-de-obra barata. Todas estas “vantagens”, entretanto,
parecem não dispensar a necessidade do veneno: de acordo com a Agência
de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri), a CBC utiliza 29 tipos de
agrotóxicos, sendo dez altamente tóxicos ao meio e sem registro
administrativo de órgãos ambientais estadual e federal. De acordo com
a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), a CBC também
não possui licenciamento ambiental.

Para agravar a situação, a plantação da CBC se localiza em um platô,
com incidência de fortes vento, e é rodeada por um povoado de quase
700 habitantes – muitos deles dependentes da empresa. Em épocas de
forte safra, a CBC emprega até 150 trabalhadores. Assim, a população
que sofre com a propagação do veneno pela terra, água e ar, pouco pode
fazer. “Todo mundo tem medo de falar, porque são vizinhos, porque
trabalham lá ou tem parentes que trabalham. Seu Henry tem uma situação
econômica muito melhor que a maioria das pessoas ali, então ele pode
falar. Mas, a empresa está fazendo um trabalho junto aos moradores,
dizendo que se ela fechar a culpa vai ser do seu Henry, que as pessoas
vão perder emprego, que ele devia ficar quieto”, conta a
documentarista Aline.



Seu Henry

Com aproximadamente 160 cabeças de gado leitero, há mais de 30 anos no
ramo “sem usar agrotóxico e nenhum produto que venha causar algum
transtorno para a natureza ou para os animais”, seu Henry levou um
grande prejuízo. “Todos os dias estou mandando 500 reais de
medicamento para a fazenda, mas não está resolvendo. Morreram animais
que eu ainda estou pagando. Comprei no leilão”, reclama.

Contudo, o agropecuarista dá outras razões para seu abatimento. “Eu
tenho esse apego aos animais, mas são só animais. E as pessoas lá? Tem
um povoado de 130 casas, todas pessoas honestas, humildes que não
podem falar nada. Segundo os profissionais químicos, o veneno é
absorvido pela medula e vai acumulando, acumulando, até causar
leucemia e outros problemas. E tem um caso aqui, a 80 metros do campo,
que há uma escola que estudam 200 crianças, em dois turnos. Então, o
que estão fazendo é um crime, uma ignorância brutal”, conclui.


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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Mudanças no Código ameaça 200 mil km 2 de florestas nativas

Essa é a área que pode ser desmatada se recuperação de reserva legal for abolida

22 de abril de 2011 | 0h 00
Marta Salomon / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

Uma área quase do tamanho do Estado de São Paulo é a extensão de vegetação nativa no País que pode ser liberada da exigência de proteção em consequência da proposta mais polêmica da reforma do Código Florestal, que será objeto de disputa de votos entre deputados. A votação no plenário da Câmara está prevista para o início de maio.

Anteontem, em entrevista ao Estado, o relator Aldo Rebelo (PC do B-SP) afirmou que não abre mão de submeter a voto a proposta que isenta da recuperação da reserva legal as áreas até quatro módulos fiscais em todas as propriedades rurais do País.

Essa medida varia de município a município, entre 20 hectares e 400 hectares. A lei exige que os proprietários mantenham a vegetação nativa numa proporção entre 20% e 80% dos imóveis rurais. O impacto da proposta de Aldo Rebelo é maior na Amazônia, onde o percentual de proteção e o tamanho dos módulos fiscais são maiores.

A proposta não conta com o aval do governo. Aldo Rebelo, que classifica a posição como "capricho", avalia que o governo perderá na disputa de votos em plenário. Na base governista, a proposta fechada no Palácio do Planalto enfrenta dificuldades nesse ponto. É forte a pressão da bancada ruralista, que defende a isenção de reserva legal.

Levantamento. Estudo feito por técnicos do governo com base em informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que há quase 4,6 milhões de propriedades no Brasil com até quatro módulos fiscais. Elas detêm cerca de 36 milhões de hectares (ou 360 mil quilômetros quadrados). Nas médias e grandes propriedades, a área dispensada de reserva legal alcançaria mais 16,8 milhões de hectares (ou 160 mil quilômetros quadrados).

O levantamento indica que cerca de 50% dessas terras já estejam desmatadas. O fim da exigência de recuperar a reserva legal ameaçaria cerca de 200 mil quilômetros quadrados, numa contabilidade conservadora.

Para os técnicos, que prepararam o estudo para apresentação aos políticos da base governista, há riscos indiretos provocados pela proposta de Aldo Rebelo, como a possibilidade de fracionamento de grandes e médias propriedades. Com isso, o desmatamento de áreas com vegetação nativa poderia aumentar, para acomodar a expansão do agronegócio no País.

A Região Norte é a mais ameaçada com a medida. A Amazônia também é responsável pela maior parte do atendimento do compromisso de redução das emissões de gases de efeito estufa no Brasil.

Acordo feito para a votação do Código Florestal prevê que 95% dos produtores rurais do País deixariam a situação de irregularidade, por meio de medidas que flexibilizam as regras de proteção do meio ambiente em vigor atualmente.